O Ceará inicia neste sábado (29) a vacinação de professores, professoras, servidores e servidoras da educação e da cultura. Entretanto, para receberem o imunizante, esses profissionais estão sendo constrangidos a assinar um termo emitido pela Secretaria de Saúde (SESA) se comprometendo a retornarem às aulas presenciais no segundo semestre deste ano.
Estar vacinada e vacinado é antes de tudo um direito. Exigir uma declaração de compromisso com o trabalho presencial como condição de vacinar é uma forma de constrangimento injustificável. Além disso, é uma conduta que desvaloriza nossos professores e professoras e os demais profissionais da educação. Quebra qualquer possibilidade de diálogo. É desrespeitosa. Gera uma tensão desnecessária e transfere para a trabalhadora e o trabalhador a responsabilidade sobre o retorno.
Pior ainda, é uma condicionante que desestimula a vacinação. Nos processos de imunização, não podemos perder a oportunidade de vacinar o maior número de pessoas. Essa medida do governo coloca novos obstáculos para a vacinação.
Achar que o retorno das aulas presenciais é somente uma questão de vacinação é reducionismo. Temos que verificar as condições sanitárias das escolas, do deslocamento dos alunos. Ou seria razoável voltar a atividades presenciais num prédio sem água porque os docentes estariam imunizados?
Vivemos num cenário de escassez de vacinas por responsabilidade de um governo federal genocida. Por isso, temos que lutar juntos para o avanço na vacinação e nas condições sanitárias para superar a política de morte. Só assim poderemos falar em retorno presencial das aulas. Qualquer forma de vinculação entre a vacinação dos profissionais da educação e da cultura ao retorno das aulas é absurdo.