O trabalhador e a trabalhadora brasileira não irão mais se aposentar. O alerta é da professora Rosa Marques (PUC-SP), que, na última sexta-feira (03/03), participou do debate “Financiamento da Seguridade Social”, promovido pelo mandato É tempo de resistência, do deputado estadual Renato Roseno (PSOL), em parceria com a Frente Cearense em Defesa da Seguridade Social. O debate aconteceu no complexo de comissões da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e reuniu representantes de diversos movimentos sociais e entidades sindicais.
Para a professora, a reforma da previdência proposta pelo governo Temer é a mais restritiva já feita no País desde o governo militar e terá impactos profundos no sistema global de seguridade social, inviabilizando a aposentadoria das novas gerações de trabalhadores e trabalhadoras. “Discutir se há déficit ou não é entrar no jogo da grande mídia, do grande capital. Há superávit na seguridade social, mas isso eles não querem mostrar, eles insistem no discurso da quebradeira, de que a seguridade social vai quebrar o país. Esse é o mesmo discurso de sempre. O Sarney, lá em 1988, já usava esse discurso”, afirmou Rosa.
Entre as entidades que participaram do debate, estavam o Sindicato dos Auditores Fiscais do Ceará (Sindifisco), a Central dos Trabahadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), alunos e alunas da Fametro/Fatene, servidores do Instituto Naciona de Seguridade Social (INSS), o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Conselho Regional de Serviço Social, o Fórum Cearense da Luta Antimanicomial e a Ordem dos Advgados do Brasil (OAB).
“O importante hoje é discutirmos o fato de que o trabalhador e a trabalhadora brasileira não vão mais se aposentar, tamanhas as dificuldades impostas por essa reforma”, declarou ainda Rosa Marques. Segundo Rosa, o desmonte da seguridade social vem de muito tempo: a questão é que agora esse desmonte deixou de ser gradual e vem de uma forma muito violenta. “Não se fala em novas formas de arrecadação, apenas em gastos. Porque isso mexe com o lado mais fraco, que é o lado do trabalhador e da trabalhadora. Mexer na receita é mexer com o lado mais forte, dos grandes bancos, do grande capital”.
Para a professora Evania Severiano, da Frente Cearense em Defesa da Seguridade Social, o governo quer empurrar, de forma autoritária e sem diálogo com a sociedade, uma draconiana contrarreforma da previdência, que retira conquistas e precariza direitos. "O orçamento público é fonte de muita disputa sobre o que se ganha e sobre quem vai receber uma parte prioritária nesse bolo. Nós, trabalhadores e trabalhadoras, queremos ter uma participação efetiva na construção desse orçamento público".