Você sabia que mais de 80.000 alunos em escolas do Ceará não possuem água potável? Os dados são do Censo Escolar de 2023, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em todo o país, a situação atinge quase 1,2 milhão de estudantes matriculados em 7,7 mil colégios sem acesso a água potável no Brasil.
Essa realidade cruel e inadmissível evidencia a necessidade de atuação imediata em políticas na área de educação e saúde pública. A falta de água potável nas escolas é um atentado direto à dignidade das crianças, que são sujeitos de direitos, e cujo acesso a condições básicas de vida deveria ser prioritário nas políticas públicas. A ausência de água própria para consumo prejudica a saúde e o desenvolvimento integral dos estudantes, comprometendo não só seu aprendizado, mas também sua qualidade de vida.
Nesta segunda (15), o deputado estadual Renato Roseno (PSOL-CE) trouxe esses dados alarmantes à tona e se reuniu com a coordenadora do programa Ceará Sem Fome, Lia Freitas, e o assessor especial de Assuntos Municipais, Artur Bruno. O objetivo desse encontro foi discutir a implementação de medidas emergenciais para garantir que todas as crianças cearenses tenham acesso a água potável nas escolas.
"É inadmissível que, em pleno século XXI, tenhamos crianças em nossas escolas sem acesso a água potável. Isso não só afeta a saúde dos nossos alunos, mas também compromete seu desempenho escolar e seu desenvolvimento integral. Nosso desejo é que, a partir dos esforços do governo estadual e, principalmente, dos municípios, a gente consiga universalizar o acesso à água potável nas escolas. Garantir o acesso à água própria para consumo é fundamental para a saúde e para a dignidade humana," afirmou Renato Roseno.
São 299 escolas, de acordo com os dados, sem agua potável, 69% delas estão em área urbana. A articulação entre o mandato de Renato Roseno e Lia Freitas visa mobilizar recursos e ações coordenadas entre os governos estadual e municipal, bem como parcerias com organizações não governamentais. A intenção é desenvolver políticas públicas eficazes que priorizem a dignidade e os direitos das crianças, implementando soluções rápidas como a instalação de cisternas e a ampliação do abastecimento por meio de carros-pipa, até que um sistema de abastecimento público mais robusto possa ser estabelecido.
Além dos problemas de infraestrutura básica nas escolas, estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a Harvard School of Public Health, revelou que 9,2% das crianças do estado têm atraso em pelo menos um domínio do desenvolvimento, e outros 24% estão em risco de atraso. Esses percentuais são considerados elevados e destacam a urgência de ações integradas entre saúde, educação e assistência social.
"Essa situação pode se tornar uma perpetuadora de pobreza, dado que estas crianças terão, quando adultas, menor desempenho escolar e profissional," explicou o Prof. Hermano Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC e um dos autores do estudo. As deficiências no desenvolvimento infantil geram uma "espiral negativa" na vida dessas pessoas, limitando suas condições e oportunidades.
Os pesquisadores sugeriram a formulação de estratégias populacionais de identificação de atraso do desenvolvimento infantil e o incremento de políticas públicas de combate à pobreza como formas de reduzir o problema. A articulação entre as diversas áreas do governo é crucial para garantir que as crianças cearenses tenham suas necessidades básicas atendidas e possam se desenvolver plenamente.
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Fonte: Censo Escolar 2023, Inep; PlosOne