Uma semana marcada por duras derrotas para o governo fascista de Bolsonaro

19/06/20 14:56

A semana foi de derrotas importantes para o governo fascista de Jair Bolsonaro. A prisão de Fabrício Queiroz na última quinta-feira (18) talvez tenha sido a mais importante, porque faz avançar as investigações sobre o esquema corrupto de desvio de dinheiro público que acontecia no gabinete do filho do presidente, senador Flavio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro. Mas os reveses não pararam por aí.

Bolsonaro também perdeu mais um ministro, dessa vez o inapto e inepto Weintraub, o pior ministro da educação que esse país já teve. Além disso, alguns de seus apoiadores no Congresso tiveram o sigilo bancário quebrado; o STF suspendeu a portaria que autorizava o Ministério da Agricultura a liberar automaticamente novos agrotóxicos no País; e o acampamento de seus simpatizantes foi desmontado em Brasília, inclusive com a prisão de lideranças como a extremista Sara Winter.

APARECEU O QUEIROZ

Na quinta-feira (18), Fabricio Queiroz foi achado em Atibaia, interior de São Paulo, na casa do advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, homem de confiança da família do presidente. Um dia antes, Wassef estava em Brasília, no Palácio do Planalto, como convidado da posse do novo ministro das Comunicações. O advogado chegou a declarar em entrevista em setembro do ano passado que não sabia onde estava escondido Queiroz. Além da prisão, houve busca e apreensão em imóvel da assessoria de Flávio no Rio de Janeiro.

"O presidente saiu mais cedo para o Palácio do Planalto e não fez a tradicional parada na porta do Alvorada para falar com apoiadores. Deve estar preocupado, já que só nesta semana viu o STF aprovar a continuidade do inquérito das Fake News e negar habeas corpus ao ministro da Educação, viu o fechamento do acampamento criminoso em Brasília com prisão de seus líderes e viu a quebra do sigilo bancário de 10 parlamentares da sua base. São várias as investigações que andam bem perto de Bolsonaro, inclusive sobre o assassinato de Marielle Franco", avalia Renato Roseno.

WEINTRAUB

Num dia tão agitado na política nacional, com a prisão de Fabrício Queiroz, a queda do (ex-)ministro Weintraub ficou em segundo plano. Mas foi algo acompanhado com atenção por todos e todas que se preocupam com os rumos da educação em nosso país. Ele foi o segundo titular da pasta a deixar o cargo em um ano e meio de (des)governo Bolsonaro, que vai deixando um trágico legado na área.

"Além das declarações absurdas e irresponsáveis, a gestão de Weintraub foi marcada pela anomia administrativa, por ataques à ciência, à pesquisa e às universidades, pelo desrespeito aos estudantes e à autonomia das instituições do ensino superior e pelo descaso com o ensino público", avalia Renato. "Sai pela porta dos fundos da história e volta ao ostracismo. Não deixará saudade alguma".

AGROTÓXICOS

A semana registrou uma importante vitória na luta contra os agrotóxicos e em defesa da saúde pública e do meio ambiente. Na terça-feira (16), o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a medida do governo Bolsonaro que determinava liberação automática do registro de agrotóxicos no Brasil. A votação formou maioria no STF pela aceitação de uma ação, de autoria da Rede Sustentabilidade e do PSOL, derrubando a determinação do governo.

O prazo para a votação era até o final da semana, período no qual os ministros podem pedir revisão de votos e revisitar a ação. A medida de Bolsonaro determinava prazos para a liberação do registro de novos agrotóxicos e outros insumos agropecuários, facilitando a autorização do uso desses produtos no Brasil - muitos deles, inclusive, proibidos em outros países.

SIGILO BANCÁRIO

Também na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a quebra dos sigilos bancários de dez deputados federais e um senador bolsonaristas. Entre eles, as deputadas Bia Kicis e Carla Zambeli, ambas do PSL; e do deputado Daniel Silveira, do mesmo partido. Objetivo da medida é identificar financiadores de atos antidemocráticos nos quais manifestantes pediram fechamento do Supremo, do Congresso e intervenção militar.

Um dia antes, a Polícia Federal cumpriu seis mandados de prisão contra líderes do movimento conhecido como "300 do Brasil", entre eles a militante de extrema-direita Sara Winter. As prisões ocorreram no âmbito de um inquérito que apura violações à Lei de Segurança Nacional por conta de ameaças ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. Ao pedir as prisões, a Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou que Sara Winter e os demais extremistas continuavam "organizando e captando recursos financeiros" para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, como atentar contra a integridade física dos chefes dos Poderes da República. (Texto: Felipe Araújo / Foto: Divulgação)

Áreas de atuação: Democracia, Política