A atividade aconteceu no dia 10 de junho, na Assembleia Legislativa e contou com a realização do Mandato É Tempo de Resistência e a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
"É tão desumano: o proprietário oferecia proteína só uma vez por semana, uma porção de "toucinho" apenas na quinta-feira e o restante dos dias era só arroz e farinha e olha lá. Esses trabalhadores ficam reduzidos à coisa. Até animal é tratado melhor que alguns homens. Os trabalhadores bebem água em recipientes sujos, que guardavam óleo e outros tóxicos. Os casos de trabalho escravo, na maioria deles, têm sido por conta de uma terceirização ilegal, a presença dos gatos - a terceirização ilimitada abre as porteiras para o trabalho escravo", afirma Sérgio Carvalho - Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Ceará - SRTE.
"E preciso que se entenda que não é qualquer hora extra que configura trabalho escravo, é quando se tira a dignidade, a liberdade, se põe a vida em risco. Trabalho degradante é aquele em que retira a dignidade do trabalhador - é o reverso do trabalho decente, ele implica em trabalhar sem condição de alimentação e de água, de condições de saúde mínima e de habitação e segurança - o que implica em uma situação em que o trabalhador perde sua condição de sujeito, ele passa a ser uma coisa, ele deixa de ter sua condição de gente", afirma Silvana Abramo, desembargadora Federal do Trabalho - TRT 2ª Região.
Saiba mais: o Ceará ocupa o 4º lugar em ranking de pessoas resgatadas em trabalho escravo no Brasil, sendo o segundo do Nordeste. Um total de 73 trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo foram resgatados no Ceará, entre 2015 e 2016. Entre 2013 e 2015, 234 trabalhadores foram resgatados, em condições de trabalho escravo. Destes, 40 (17%) estavam atuando na construção civil, segundo balanço da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE/CE), divulgado no dia 26 de janeiro.