Projeto Ser Ponte reafirma importância da renda básica para população vulnerável

24/02/21 10:00

Um projeto solidário que prioriza o atendimento a famílias chefiadas por mulheres em Fortaleza. É assim o Ser Ponte, iniciativa da sociedade civil que, voluntariamente, decidiu atuar em prol do bem comum. O projeto foi tema de mais uma live semanal promovida pelo mandato do deputado estadual Renato Roseno (PSOL), realizada na noite da última segunda-feira, 22, e que contou com a presença da fundadora do Ser Ponte, a pesquisadora do Laboratório de Estudos da Habitação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Valéria Pinheiro; e da moradora da comunidade Aldaci Barbosa e agente territorial do Ser Ponte, Ercília Maia.

O coração do projeto é o repasse de R$180 para mulheres chefes de família nas regiões mais vulneráveis da cidade e já chegou a contemplar 18 territórios de Fortaleza com esse trabalho de transferência de renda. “É uma experiência que nos surpreendeu bastante e que tem trazido efeitos reais nas vidas das famílias. O valor pode, inicialmente, parecer pouco, mas estamos falando de famílias que têm rendas incertas e cada vez menores. Logo, a garantia do recebimento dos 180 reais já é de grande importância e faz toda diferença. Estamos na briga para isso virar política pública, inclusive trabalhando junto às comunidades para que elas se conscientizem da importância de uma renda básica fixa”, compartilhou Valéria Pinheiro.

Segundo registros do Cadastro Único, 3.068.443 de pessoas vivem em condição de pobreza extrema no Ceará, ou seja, sobrevivem com R$89 por mês. Os dados são de outubro de 2020, divulgados pelo Ministério da Cidadania. Se consideradas as pessoas que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza, o número no Estado chega a 5.121.972 de cearenses nessas condições, em famílias que têm renda de até meio salário mínimo por pessoa ou até 3 salários mínimos de renda mensal total da casa.

PANDEMIA - Os efeitos da pandemia vividos desde o início de 2020 ainda estão sendo mensurados, mas há um consenso em relação ao aumento da pobreza e da fome no mundo. “O Ser Ponte é um dos trabalhos primorosos que temos a oportunidade de acompanhar, de trabalho voluntário e totalmente solidário. Mas ele também é um lembrete de que precisamos de políticas públicas permanentes de renda básica, que garanta a vida dessas milhões de pessoas”, destacou Roseno.

Ercília Maia, moradora da comunidade Aldaci Barbosa, localizada nas proximidades da avenida Borges de Melo, no bairro de Vila União, é uma das agentes territoriais que atuam no Ser Ponte. Há nove meses na iniciativa, ela reforçou o papel de agente dentro das comunidades. “Somos pessoas que ajudam, voluntariamente, a indicar quais famílias mais necessitam de apoio e quais mulheres estão mais vulnerabilizadas. É sempre importante esse olhar de ‘dentro’ para conseguirmos direcionar as doações para quem mais precisa”, destacou.

O Ser Ponte recebe diferentes formas de apoio em diferentes frentes: doação em dinheiro, doação em materiais, rifa com prêmio solidário, arrecadação de insumos em condomínios, empresas parceiras, aniversário solidário e divulgação nas redes (@serpontefortaleza). “Chegamos a ajudar 210 famílias por mês em 2020. Iniciamos o ano com uma redução para 50 famílias, mas, hoje, já estamos com 80”, relatou Valéria.

"A COVID-19 tornou essa situação ainda mais aguda. Mas, antes ainda da pandemia, em 2019, o Estado passou a ocupar a quarta posição entre as unidades da Federação com os maiores índices de extrema pobreza. As três primeiras colocações ficaram com Bahia, São Paulo e Pernambuco", explica Renato. “A ampliação do debate sobre os impactos da pandemia sobre a pobreza e a extrema-pobreza colocam em prática a importância de iniciativas como o Ser Ponte!”.

Saiba como ajudar:

Site de financiamento coletivo. No Instagram: @serpontefortaleza No Facebook: facebook.com/serpontefortaleza

Áreas de atuação: Direitos Humanos, Economia solidária, Economia