“A comunicação pública é um pilar das sociedades democráticas”, reforçou o deputado estadual Renato Roseno (Psol), durante sessão solene em celebração dos 50 anos da TV Ceará (TVC), realizada na manhã desta segunda-feira (1º), na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). A homenagem foi requerida pelo deputado estadual Missias Dias (PT), com coautorias do nosso mandato e dos parlamentares De Assis Diniz (PT) e Larissa Gaspar (PT).
Inaugurada em 7 de março de 1974 como TV Educativa (TVE), o canal tinha o propósito de ensinar alunos que cursavam o ensino fundamental em escolas públicas da Região Metropolitana de Fortaleza, através de um sistema de teleducação. Na década seguinte, a partir da instalação de um sistema terrestre com 150 retransmissoras, o alcance do sinal chegou a 2 mil escolas do Ceará. “Haver, naquele momento, a TV Educativa, com conteúdo educativo e cultural, tinha muito significado, porque, dentre outras coisas, o Ceará não conseguia ter escola para todas as suas crianças”, lembra Roseno.
A importância da TV Educativa foi tão grande que a Constituição do Ceará possui um dispositivo que reserva 10% da verba pública de publicidade oficial para a TVE, mas isso não tem sido respeitado. “É uma luta grande que dividimos para concretizar, finalmente, reservando um percentual importante pra TV pública. Não faz TV pública sem orçamento”, completou o parlamentar.
Administrada pela Fundação de Teleducação do Ceará (Funtelc), em 1993 a emissora passou a ser chamada de TV Ceará, sendo vinculada à Secretaria da Casa Civil do Ceará. “Graças a TVE e TVC, o cearense se viu pela primeira vez na televisão. A produção cearense, as novelas. Houve uma produção regional que não sairia na grande imprensa, que não sairia na mídia, se não fosse a comunicação pública”, reconhece Roseno.
Autor do requerimento, o deputado Missias Dias (PT) considera a TV Ceará um patrimônio cearense, que merece o reconhecimento pelos seus serviços prestados e pelo conteúdo de qualidade trazido, há meio século, ao povo. “É uma TV que queremos valorizar e reconhecer cada vez mais, que cumpre bem o papel de dar dignidade ao povo, com uma programação educativa e cultural, garantindo o conhecimento a todos”, destacou.
Durante o evento, foram homenageados com a entrega de placas comemorativas antigos e atuais servidores da TV Ceará, como Sergio Alves da Silva; Maria Rozania Farias Maia (primeira repórter); João Batista Pereira; José Cláudio Fernandes de Araújo; Criseida Vasconcelos; Francisco das Chagas Jacome da Costa Quatro; Antônio Fernandes Magalhães; Estela Maria Landim Gonzaga; Fernando Augusto Guedes de Sousa; Maria Elenise de Sousa Mesquita; Alcion Lemos; José Sérgio Carneiro Moreira; Deugiolino Lucas Martins; Dilson Pinheiro; Ricardo Guilherme Vieira dos Santos; Yolanda Maria Markan Fiuza; Selma Silva de Oliveira; e Heraldo Menezes Lima.
O jornalista e ator Ricardo Guilherme, representando os homenageados, subiu na tribuna e falou com orgulho, lembrando sua trajetória. Sua voz foi a primeira a ir ao ar, em 17 de fevereiro de 1974, pouco antes da inauguração da emissora. Lá, foi sonoplasta, produtor e apresentador. “Foi um processo renovador. Hoje, a TVC continua fazendo educação, mas informal, com entrevista, programação, filmes”, destaca. Mesmo aposentado, ele continua contribuindo com o canal. “Eu digo isso do amor que tivemos. É mais que uma profissão: educar formalmente e informalmente é uma missão”.
A presidente da TVC, Moema Cirino Soares, ao anunciar que, em breve, vai ser disponibilizado um canal apenas para o ensino, reforçou o papel da teleducação. “A TVC chega aos seus 50 anos formando muita gente e levando a cultura cearense para todos os lugares. Celebrar essa data é lembrar dos grandes acontecimentos da nossa política, esporte e humor, que passaram pela TVC”, finalizou.
Defender a democracia
Renato aproveitou a solenidade para lembrar os 60 anos do Golpe de Estado civil-militar que o Brasil sofreu em 1964. “Não poderia ocupar essa tribuna sem fazer essa memória. Fazer memória é olhar para trás para não se repetir os erros do presente e olhar para o futuro. Um futuro de uma sociedade aberta, que não negue sua memória, que afirme o direito à verdade, o direito à justiça, o direito a uma comunicação pública, diversa”.
“Ditadura nunca mais! Democracia sempre! Só há democracia se houver comunicação livre. Só há comunicação livre, se uma parcela for pública, plural, com nossa cara, com orçamento, independência, autonomia, valorização da nossa arte, dos nossos discursos, da nossa gente”, completou Renato.