Devido ao incêndio, em 20 de junho de 2024, no Plenário 13 de Maio, no prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, todas as atividades do prédio principal e Anexo I, previstas para o período de 20 a 28 de junho, estão suspensas. Em breve, divulgaremos nova data de realização desta Audiência Pública.
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realizará, na próxima quinta-feira (20), a partir das 17h, uma sessão solene em homenagem ao Maracatu cearense, a pedido do deputado estadual Renato Roseno (Psol), com subscrição dos deputados De Assis Diniz e Guilherme Sampaio, ambos do PT. Ao todo, serão homenageados 16 grupos (lista abaixo do texto) no Plenário 13 de Maio. Todos eles estão ativos.
O Maracatu é a mais tradicional dança dramática de origem afrodescendente, presente de forma destacada na cultura do nosso estado. Seus cortejos são formados por baliza, porta-estandarte, índios brasileiros e nativos africanos, negras e baianas, negra da calunga, negra do incenso, balaieiro, casal de pretos velhos, pajens, tiradores de loas e batuqueiros, em reverência a uma rainha negra e sua corte real.
No Ceará, o povo caboclo usa uma mistura de fuligem, talco, óleo infantil e vaselina em pasta para tingir o rosto de negro. O ritmo cearense é apresentado por um grupo de percussão no qual incluem-se caixas, utilizadas sem esteira para acentuar a batida grave, surdos, bumbos, ganzás, chocalhos e triângulos, também chamados de ferros, confeccionados com molas de transporte pesado, o que lhes confere um timbre característico e uma sonoridade acentuada, destacando-se dos demais instrumentos.
O macumbeiro ou tirador de loas é quem canta as toadas, nas quais são geralmente enfocados temas ligados à cultura, à religião e à história da África e do Brasil. Oriundo das Coroações de Reis do Congo, que aconteciam na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Fortaleza, “o Maracatu é uma manifestação que reúne danças, confecção de figurinos e adereços, artesanato, arte plumária, canto, elaboração de textos e letras de loas, música percussiva e composição musical, cuja origem se deu em Fortaleza e foi se expandindo por outros municípios cearenses, chegando ao patamar de algo em torno de 50 grupos no âmbito estadual em 2024”, enumera o multiartista e compositor Calé Alencar.
História
Os primeiros registros de maracatus em ação durante o período carnavalesco foram anotados pelo escritor cearense Gustavo Barroso, que enumerou cinco grupos que desfilavam por volta da década de 1880. Estes eram: Maracatu do Morro do Moinho (atual região do Arraial Moura Brasil), Maracatu da Rua de São Cosme (atual Rua Padre Mororó), Maracatu do Beco da Apertada Hora (próximo à Igreja de São José, antiga Sé de Fortaleza), Maracatu do Outeiro (região do Colégio Militar de Fortaleza), e Maracatu do Manoel Conrado.
Os relatos de escritores, memorialistas e historiadores, além de atas da irmandade, registraram as coroações de rainhas e reis quando da eleição e posse da diretoria da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, evento que acontecia anualmente no dia 7 de outubro, data dedicada a Nossa Senhora do Rosário. As coroações aconteciam na Igreja do Rosário, ao lado do Palácio da Luz, originalmente uma capelinha construída por mãos negras em 1730 e reconstruída em alvenaria para abrigar os santos da Sé de Fortaleza, por conta da demolição da Igreja de São José.
Reconhecimento
Por causa da sua relevância, atualmente é celebrado, em 25 de março, o Dia Estadual do Maracatu, conforme a Lei Estadual nº. 18.641/2023, marcando a Data Magna do Estado, em alusão à abolição da escravatura na então Província do Ceará, quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea. “Trazer isso para o nosso cotidiano é um importante momento de afirmação dos costumes da população negra trazida da África para o Ceará”, acredita Calé.
A sessão solene também vai marcar ao aniversário de 20 anos do Maracatu Nação Fortaleza, que insere crianças e adolescentes no ambiente da cultura afrobrasileira com o intuito de trazer a participação efetiva das novas gerações, dando continuidade ao trabalho e dedicação dos antigos mestres do maracatu cearense. “O Maracatu Nação Fortaleza oportunizou uma discussão sobre o preconceito, a intolerância, a homofobia e o racismo, além do enfrentamento permanente às variadas formas de opressão e exploração, ressaltando a história das lutas e da resistência de grande parte dos brasileiros”, defende o deputado Renato Roseno.
Projeto de lei
Paralelo a isso, o mandato do deputado estadual Renato Roseno ingressou com o projeto de lei 330/2024, que instituí no Calendário Oficial do Estado do Ceará, o Dia de Coroação de Rainhas e Reis do Congo, a ser comemorado, anualmente, no dia 7 de outubro. Se aprovado, também fica criada a Semana de Coroação de Rainhas e Reis do Congo de Valorização da Cultura Afrobrasileira, tendo como principal alicerce os Maracatus.
A iniciativa quer promover e visibilizar a cultura afrobrasileira, resgatando o momento de Coroação de Rainhas e Reis na Igreja do Rosário como evento estratégico de reafirmação da ancestralidade dos Maracatus. Além disso, busca proteger e preservar a memória e as formas de resistência, históricas e do tempo presente, dos povos afrodescendentes do Ceará; e conscientizar a comunidade acerca da relevância destas múltiplas manifestações culturais como modos de exercício da cidadania.
Os grupos homenageados
Maracatu Az de Ouro; Maracatu Filhos de Iemanjá; Maracatu Leão de Ouro; Maracatu Nação Axé de Oxóssi; Maracatu Nação Baobab; Maracatu Nação Bom Jardim; Maracatu Nação Fortaleza; Maracatu Imperial; Maracatu Nação Iracema; Maracatu Nação Palmares; Maracatu Nação Pici; Maracatu Obalomi; Maracatu Rei de Paus; Maracatu Rei Zumbi; Maracatu Solar; Maracatu Vozes da África.
Serviço
Sessão solene em homenagem ao Maracatu
Quando? Dia 20 de junho (quinta-feira), a partir das 17h.
Onde? Plenário 13 de maio Assembleia Legislativa do Ceará, entrada pela Rua Barbosa de Freitas, 2624, Dionísio Torres, Fortaleza.