O deputado estadual Renato Roseno (PSOL) manifestou apoio, no plenário da Assembleia Legislativa, aos artistas e trabalhadores da cultura que estão ocupando a sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). A solidariedade do parlamentar foi durante a sessão plenária desta quinta-feira, 15 de outubro, quando o parlamentar aproveitou para citar trechos da nota de repúdio do Conselho Municipal de Política Cultural e a carta dos movimentos.
"Me solidarizo com os artistas de Fortaleza e do Ceará que, neste momento, ocupam a sede da Secultfor. Leio uma nota de repúdio, aprovada pelo Conselho Municipal de Política Cultural do Município de Fortaleza, aprovada no dia 13 de outubro, quando Fortaleza e os seus movimentos de cultura tomaram conhecimento de que, depois de três anos sem haver o Edital das Artes - o último foi em 2011, no valor de R$ 3 milhões, para diferentes linguagens -, a Prefeitura de Fortaleza anunciou um novo edital, com R$ 1 milhão, apenas um terço do que o último edital apresentava. Um absurdo", definiu Renato Roseno.
O deputado argumenta que cultura é tão importante quanto educação, alimentação e saúde. "A cultura é um direito humano, e não fortalecer a cultura é negligenciar esse direito fundamental", completou. "Diante desse desatino e desrespeito, não restou outra alternativa aos fazedores e artistas de cultura e arte: ocupar a sede da Secretaria de Cultura", concluiu. "Quando as instituições não fazem a democracia, é necessário que o povo faça. Os artistas fazem, hoje, um ato democrático de defesa da sua dignidade e também da sociedade de Fortaleza, quando defendem o financiamento da política de cultura. Neste momento, já passaram, pela Secretaria de Cultura, mais de 150 pessoas, entre artistas, trabalhadores da cultura e militantes", contabilizou, lembrando que a solidariedade aos ocupantes é de todo o PSOL.
Ao falar do plenário da Assembleia Legislativa, com a sessão ordinária sendo transmitida pela TV Assembleia e FM Assembleia, Renato Roseno deu visibilidade para todo o Estado às demandas dos artistas e aos problemas por eles identificados na gestão cultural de Fortaleza. A carta pública, que foi editada por esses artistas e grupos de cultura, reclamam a efetivação do Fundo Municipal de Cultura, 1% do orçamento para a cultura... O movimento denuncia o abandono dos equipamentos: a biblioteca Dolor Barreira, que está fechada, a reforma do Teatro São José por ser feita, a finalização do projeto Vila das Artes... "Temos uma situação calamitosa. Sem cultura, a humanidade empobrece. A cultura dá sentido à vida, permite que nós, de fato, realizemos a nossa humanidade. É a cultura que pode dar um novo significado ao viver. E, assim, vamos virando uma cidade árida, violenta, brutal, pela ausência de políticas de cultura e arte", avaliou.
"Apoiamos os grupos, denunciamos e cobramos que o prefeito Roberto Cláudio reveja a sua posição e receba os ocupantes da Secultfor. Que o prefeito, de fato, possa investir aquilo que a cultura merece. E o argumento usado pela gestão é o mais ridículo: da crise. Logo no momento em que chega à Câmara Municipal o orçamento com uma previsão de ser o maior dos últimos dez anos. Mais uma vez, temos o cinismo do gestor que pede paciência. E não podemos mais dar paciência quando vivemos em um cenário de miséria e falta de dignidade", apontou Renato Roseno.
No entendimento do parlamentar do PSOL, não se pode pedir paciência àqueles que viram o seu fazer ser recebido com miséria. "Portanto, fica a nossa denúncia, o nosso reclamo e o nosso apoio àqueles que, bravamente, pulsam. A cultura não pode ser tratada com desprezo, a cultura faz parte do nosso projeto humano de dignidade. Nos juntamos aos reclamos daqueles que escolheram a arte como vida”.
