Em pronunciamento no plenário da Assembleia, Renato Roseno manifestou repúdio às agressões sofridas na última segunda-feira por professores e professoras no município de Icó, no região Centro-Sul do Estado. Os servidores municipais se manifestavam contra uma absurda redução de salários sofrida pela categoria (metade dos vencimentos) e foram duramente reprimidos pela PM - inclusive com ameaças pessoais por parte de um policial militar.
“Nós condenamos essa agressão ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com os professores e professoras. Esperamos que a prefeita Laís abra uma negociação com a categoria e retire essa proposta de redução de salários. Nós vamos nos dirigir às instâncias oficiais, Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública, Ministério Público e ao próprio secretário de segurança do Estado para cobrar a apuração das responsabilidades criminais, civis e administrativas dos envolvidos nesse episódio”, declarou. Um decreto da prefeita Laís Nunes (PDT), assinado após o carnaval, reduziu pela metade o salário de 362 profissionais, revogando uma lei municipal de 2014, que dá direito aos professores de ampliarem a jornada de quatro para oito horas diárias.
"Nós estamos num regime democrático. O direito de manifestação é um direito fundamental. As manifestações não podem ser reprimidas com violência", lembrou Renato. "Há fotos que mostram uma professora com a têmpora esquerda atingida por bala de borracha. Por poucos centímetros, essa bala não cegou essa professora. Há vários outros professores que também foram atingidos por spray de pimenta, balas de borracha, segundo relatos que nos chegaram".
Em nota, diversas entidades da sociedade civil se solidarizaram com os professores e professoras de Icó. "A gestão municipal, com apoio da Polícia Militar, tratou de forma violenta e completamente desmedida os trabalhadores que, de forma pacífica, lutavam exclusivamente pelos próprios direitos. Não podemos admitir tamanha brutalidade", diz o texto. "Na ocasião, os servidores foram à Câmara Municipal acompanhar a votação de um projeto de lei da prefeita Laís Nunes que reduzia o salário de 362 docentes pela metade, com o corte da carga horária. Além de terem sido impedidos de acompanhar a sessão, não tiveram direito de protestar, ficando sob a mira de armas, receberam jatos de spray de pimenta nos olhos e alguns foram atacados e feridos a tiros de balas de borracha. Muitos precisaram de socorro médico".
Na quinta-feira, 22, representantes do mandato É Tempo de Resistência acompanharam a grande manifestação de apoio aos professores e professoras promovida em Icó. Sindicatos, federações de trabalhadores, Movimento dos Sem Terra e moradores de Icó ocuparam as ruas da cidade para protestar contra a prefeita e contra o corte de salários. Cartazes comparavam Laís à personagem Malévola. Os manifestantes foram novamente reprimidos com violência e foram alvo de balas de borracha. (Fotos: divulgação)