Você sabia que o Ceará está contribuindo para o aquecimento global? Você sabia que uma única termoelétrica despeja 6 milhões de toneladas de gases do efeito estufa na atmosfera? Que os deputados aprovaram a redução de ICMS para novas termoelétricas? Que o Ceará já é o segundo estado em emissões de CO2 para geração de eletricidade, atrás somente do Rio de Janeiro? Votamos contra a mensagem 7.953/16 que reduz o ICMS de termelétricas!
Uma mensagem que agrava, ainda mais, o cenário de seca no Ceará, que estimula o uso de energia suja com a queima de combustíveis fósseis e piora os efeitos do aquecimento global. Nosso mandato disse “não”. Um voto de resistência nessa guerrilha em defesa da mudança da matriz energética e estimulo à energia solar.
Mesmo com o nosso voto e apoio dos movimentos sociais, em especial do “Ceará no Clima”, o projeto foi aprovado - a votação passou, foram 23 votos “sim”, contra 8 votos “não”. Mas, nosso debate ecoou, ganhou voz – a Assembleia lotada no dia de ontem, gritava contra as termelétricas, diversos povos na defesa do meio ambiente, indígenas e tradicionais, militantes sociais, professores, estudantes, todos ocupando a galeria com faixas e cartazes. Ganhamos força, o debate se espalha e se enraíza!
“De todas as crises que a civilização atravessa, a ambiental parece a mais grave – atinge nós todos. Estamos nesse momento numa encruzilhada histórica da humanidade em que ela se vê obrigada a superar uma lógica de consumo de combustíveis fósseis que agravam ainda mais o aquecimento global.
No dia em que se completam seis meses do desastre de Mariana, nós aqui nos dividiremos entre aqueles que têm sensibilidade para os povos da terra, as populações tradicionais, os povos que hoje amargam a falta de água. O Ceará tem três termelétricas de meio e de grande porte. Juntas, gastam vergonhosos brutais 1,273 litros de água por segundo. É um desatino o governo Camilo Santana. Nosso voto é contra”, afirmou o parlamentar do PSOL, Deputado Estadual Renato Roseno, durante votação ontem, dia 5 de maio, na Assembleia Legislativa do Ceará.
Entenda porque votamos contra a mensagem 7.953/16: - Incentiva, para geração de eletricidade, o uso de uma fonte de energia que precisa ser abandonada (combustíveis fósseis); - Contém inúmeras afirmações falsas, ao criar falsas expectativas econômicas e minimizar os problemas associados ao gás natural; - Não foi formulado levando em conta diversos compromissos, incluindo internacionais (Acordo de Paris, INDC brasileira, Plano Nacional de Mudanças Climáticas); - Contradiz inteiramente o Plano Estadual de Mudanças Climáticas em elaboração na câmara técnica do FEMCB, presidido pela SEMA; - Compromete o estado do Ceará por décadas, com emissões elevadas de CO2; - Não pode ser tratado como “transição energética”; - Deixa-nos atrás do resto do mundo nas iniciativas tecnológicas, de política pública, etc - Bloqueia o crescimento de fontes de energia cuja emissão de gases de efeito estufa é nula, que não utilizam ou utilizam pouca água, que apresentam menores efeitos ambientais e geram igual ou maior quantidade de empregos.
Fonte: Ceará no Clima